[livreira em seu dia de freguesa]
e depois da ressaca de ano novo e do carnaval com muita gente causando na telinha da tevê, o ano finalmente começou. logo, chegou o momento de colocar a livraria em ordem e cada livro no seu quadrado. enquanto organiza a estante de psicologia, livreira nota uma freguesa enlouquecida à procura do santo graal.
- oi, você precisa de ajuda?
(quem sou eu pra perguntar esse tipo de coisa, não é mesmo?)
- então, eu estive aqui ontem e não estou encontrando o livro que vi bem aqui.
(como não está encontrando? tô arrumando essa estante desse ontem, sua linda. a pergunta é: freguesa escondeu o livro sim ou claro?)
- hm, sei. e qual era o nome, você lembra?
(livreira lembra do título, da cor da capa, do número de páginas e, principalmente, de ter visto o livro em algum lugar do maravilhoso mundo mágico da livraria, mas kd?)
- sei, sei qual é. engraçado, realmente estav...
(em menos de dois segundos, livreira recorda-se do crime inafiançável cometido por ela no dia anterior. envergonhada da cabeça aos pés, admite a culpa sem conseguir estabelecer contato visual com a freguesa)
- ah, olha ele aqui "escondidinho". é que eu tinha separado para comprar e deixei na minha reserva pessoal.
(freguesa completamente passada com o absurdo da situação, pega o livro e foge como se não houvesse show do morrissey daqui a alguns dias. vish)
manual prático de bons modos em livrarias: relutei em compartilhar o causo acima, mas como o amor impera nesse "espaço cultural", nada mais importante do que rolar essa sinceridade toda . mas, ó, continuem me amando e não esqueçam os bons modos: nada de esconder livros, crianças.