depois do rock in rio, o maior evento que a cidade ofereceu aos seus moradores e turistas, como vocês devem ter lido nos jornais, foi o meu retorno ao trabalho: aqui e na livraria. sim, estamos de volta, freguesia fidelíssima. #vemkafkacomigo
freguesa (tensa, prestes a pagar o livro): minha filha, tenta passar esse cartão aqui ó, mas acho que eu já estourei o limite.
(operadora do caixa pega o cartão, passa na maquininha e PÉIN, não autorizado)
caixa: senhora, não foi autorizado
freguesa: af, então tenta no débito.
(PÉIN)
caixa: também não foi autorizado.
(tenta o cartão telefônico?)
freguesa (gritando): como assim não foi autorizado? eu tenho seis mil reais na conta! como assim não foi autorizado?
(fala mais alto, por favor, enquanto eu tento calcular as chances de sequestro relâmpago que a senhora pode sofrer por falar coisas do tipo em um lugar movimentado)
caixa: ...
freguesa: só pode ser um problema na máquina de vocês. sei lá, deve ser falta de limpeza (falta de limpeza nos ouvidos da senhora???????????????????). TENTA DE NOVO.
(PÉIN)
caixa: senhora, olha, realmente não tá rolando. a senhora já tentou conversar com alguém no banco?
freguesa: os bancos estão em greve, O QUE EU FAÇO?
caixa: não sei, senhora. já tentou sacar?
freguesa: sacar? O QUE EU FAÇO? se eu for no sindicato eles resolvem meu problema?
(ques sindicato, moça? o que a senhora tá falando? cara, que loucura, cara)
caixa: não sei, senhora. vai ali no caixinha eletrônico e tenta sacar o valor.
freguesa: eu não consigo sacar, já tentei.
(anrrã)
caixa: então, sinto muito.
freguesa: VOCÊ TÁ QUERENDO ME DIZER QUE EU NÃO VOU LEVAR O 'DERRIDA'?
(livreto de bolso, menos de finte reais. melhor freguesa da vida)
caixa: se a senhora não efetuar o pagamento não vai dar pra levar, né?
freguesa: NÃO TÔ ACREDITANDO QUE EU NÃO VOU LEVAR O 'DERRIDA'.
(nem eu que tô ouvindo essa conversa. a senhora não vai levar o derrida, mas vai levar um peteleco meu na orelha)
caixa: ...
(freguesa percebe que não vai rolar o caderninho de 'fiado', vira as costas e sai batendo o pé para nunca mais voltar. e olha que esperamos. de verdade.)
manual prático de bons modos em livrarias: cês são tudo malandrão, né? estamos de olho.