[ratátátátátátá]




tenho recebido mais denúncias de fregueses do que causos de livreiros, então não vou esperar chegar sexta-feira para compartilhar as loucuras dos colegas de profissão. VISH. portanto, segurem aqui na minha mão, o negócio é de chorar:


"estava eu passeando em uma livraria desconhecida, procurando os famigerados autores franceses. naquele dia, especificamente, rimbaud - autor que nunca achei em nenhuma livraria.


(livreira ao perceber que estou mais perdida do que cachorro em dia de festa junina resolve me abordar)

- você está procurando algo específico?

- sim, eu gostaria de saber se tem algum livro do rimbaud. 

- alguma preferência de título?

- não, pode ser qualquer livro dele.

(livreira vai até o computador)

- como se escreve? rambo, como o rambo do filme? 

sim, amiga livreira! RAMBO, eminente representante do movimento decadente anti-vietnamita."

manual prático de bons modos em livrarias: gente, sério. fiquei de cara, tipo o chico buarque vendo a ana carolina ~cantar~.

x
[um presente do futuro]



fim de semana com cara de fim de mundo. pra ajudar, todos os telefones tocando ao mesmo tempo. livreira resolve atender a uma dessas ligações sem pé, cabeça, qualquer sentido. parado em sua frente, um freguês bastante inquieto implora por atenção.

- moço, um minuto que eu já te ajudo.

- não, moça, eu só preciso que você me responda uma coisa.

(entendam: "uma coisa" pode ser muita coisa, tipo a adele)

- só um instante.

(livreira, claro, ganha de presente uma bufada do freguês. enquanto isso, do outro lado da linha, uma conversa muito louca de verão continua)

- moça, sério, eu já até comprei o livro. 

(meu bem, se você já comprou o livro, O QUE É QUE VOCÊ QUER COMIGO?)

- certo.

(livreira pede um instante para a voz do outro lado da linha e tenta ajudar o freguês aflito)

- você comprou o livro e quer trocar?

- não.

(respira) - então?

- é que eu comprei um livro para dar pra minha amiga de presente.

- ahn. e você quer saber se ela pode trocar o livro?

- isso. mas tem um agravante.

(mais essa agora. claro que tem um agravante, meu senhor. essa conversa é um agravante)

- diga...

(por favor, atenção, muita atenção) - ela tem um filho de três anos e sete meses, mas o livro é "compreendendo o seu filho de quatro anos". ou seja, o filho dela só vai ter quatro anos daqui a cinco meses. será que ela vai gostar?

- como assim?

- tipo, o filho dela AINDA não tem 4 anos.

(meu querido, eu entendi a idade do filho dela, só não entendi qualéqué a da agonia)

- sei.

- então?


- então o quê?

- ela vai poder trocar se não gostar, daqui a quatro meses?

- mas você só vai dar daqui a quatro meses?

- não, o aniversário dela é hoje, mas o filho dela só vai fazer 4 anos daqui a cinco meses.

(insira aqui o seu coquetel molotov favorito)

- mas ela pode trocar antes, senhor.

- é verdade.

- mas ela vai gostar, né? assim, o filho dela ainda vai fazer 4 anos, né?

- mais alguma coisa, senhor?

- não, era só isso.

manual prático de bons modos em livrarias: gente, sério, qual é a graça de usar entorpecentes antes de entrar em uma livraria? sabe, kant comigo.

[FEEEEEEEEEEEEEEEEEESTA]


vou fazer a hebe e dar selinho em todo mundo. VISH.  domingo que vem, dia 18, lá no santa augusta. VISH.
[sinceridade livresca]



amor compartilhado pela freguesa maíra damásio, lá da comunidade hippie. ♥

[advogato]

                   


- mocinha, boa tarde. tem o livro do freddy mercury?

(meu sonho é ir trabalhar um dia vestida de freddy e cantar para os fregueses I WANT TO BREAK FREE)

- então, não, mas tem do queen...

(livreira percebe o rosto do freguês despencar e prevê um avc)

- não, moça, é livro de direito civil, sabe?

(g e n t e)

- ah, o senhor quis dizer fredie didier?

(quem nunca fez cosplay de google?)

- isso.

manual prático de bons modos em livrarias: olha, se bêbada eu estivesse, teria respondido: "liga não, gato, até porque todo adevogado éDEIXA PRA LÁ.
[não]

                 
                                                   zzZZzzzZzzz



- moça, chico buarque e vinicius de moraes são a mesma pessoa?
- não.

- oi, tem como você ver a programação do cinema, por favor?
- não.

- vocês vendem flauta?
- não.

- por favor, vocês vendem "protetor de tela" pra computador?
- não.

- vocês vivem mudando tudo de lugar, onde foi parar o café da livraria?
- continua no mesmo lugar.
- ah, então não mudaram?
- não.

- moça, onde fica a parte de material escolar?
- não temos.
- então aquela placa "volta às aulas" é propaganda enganosa?
- não.

- tem aquele livro novo chamado"danuza"?
- não, mas tem o "é tudo tão simples", serve?
- esse é o nome do livro? é que está escrito danuza tão grande na capa.
- não, não, não.

- lindinha, tem como me dar um desconto?
- não, o livro já está com um preço bom.
- ah, mas você não pode fazer nada por mim?
- não, eu só sou uma pessoa com um crachá no peito.
- nossa, que deprê! você ganha mal aí?
- sim.
- uns 700 reais?
- menos.
- NOSSA.

manual prático de bons modos em livrarias: não.

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