[manual prático para autores em eventos]

virge

e já que o lançamento do livro do [manual] está chegando, compartilho com vocês o amor que uma freguesa e ex-livreira me enviou há algumas semanas sobre uma noite de autógrafos pra lá de animada, onde livreiros e autores se divertiram pra valer, tipo a miley cyrus no último vma. acompanhem:

"Querida livreira,

Já trabalhei em livraria e frequento há dez anos a melhor livraria que já conheci e que provavelmente conhecerei. Como bem sabes no teu coração (muito amor, não é mesmo?!), trabalhar com livros proporciona as mais loucas possibilidades, em (quase) todos os sentidos. Tive histórias muito semelhantes às suas para contar (algumas iguais, inclusive!).

Gostaria de compartilhar com você uma infeliz história da qual fui testemunha. Por que compartilhar logo uma estória infeliz? Porque livreiros são profissionais que merecem respeito por continuarem dando o seu melhor num mundo que cada vez os cerca de mais e mais desafios; porque eles sempre são uma gentileza anônima – e merecem uma boa desforra quando são maltratados. Logo eles, que se esforçam tanto para entregar nas mãos de seus clientes o melhor em termos de experiência, aprimoramento, diversão e mudança - dessas que só um livro é capaz de gerar na alma de alguém! Ô, mundo injusto!

Voltando para a estória:

Lá, nesta livraria linda e cheia profissionais e clientes fabulosos, existe uma família de clientes bastante peculiar: são clientes assíduos, e frequentam este ambiente de cultura sistematicamente maltratando os livreiros que ali trabalham. Esta família é conhecida por isso, e ninguém sabe com certeza porque eles frequentam este lugar, visto o comportamento usual. Por azar, a cereja do bolo desta história trata de um dos integrantes desta família, que é autor(a) reconhecido(a) na província, especialmente por um livro há muito lançado e pelos contatos que propagam as suas obras em outros meios de comunicação. Consta que um dia desses o(a) tal integrante desta família lançou um livro novo, e o espaço para autógrafos da livraria em questão foi novamente o escolhido para o tal lançamento.

Segue a triste descrição dos fatos (que quase nunca são divulgados nos devidos meios):

Fato 1: uma pessoa que trabalha nesta livraria há pouco tempo, que é extremamente educada e ama o que faz foi até o(a) autor(a) no momento do lançamento e pediu um marca página, de recordação. Sabe o que o(a) autor(a) lhe disse? “Não, os marca-páginas são destinados somente aos meus leitores”. Quantos erros educacionais, comerciais, patológicos e de letramento você vê nesta sentença?

Fato 2: Já no final do expediente, nesta instituição comercial que concede um espaço cultural gratuito para este tipo de evento, observo todos os amigos e parentes do(a) autor(a) conversando alto enquanto a fila de autógrafos há muito já havia terminado (como de costume, para este(a) autor(a)). Eis que o expediente acaba, e os conversantes começam a gritar, indignados, que “se sentem ofendidos pelo anúncio de fechamento da loja, às 22 horas”. Ofende-os também a saída dos pobres livreiros que precisavam – olha a ousadia – pegar suas conduções coletivas para irem para as suas casas, chegando arrasados pela grosseria, para a companhia de suas famílias, para um sono de pesadelos que os direciona para mais um dia de trabalho.

Fato 3: Como se não bastasse, as crianças destas pessoas “abençoadas” param de correr e gritar pela livraria e começam a chorar (imagina a estafa mental de ter pais assim)? Pobres crianças. Metaforicamente.

Fato 4: Não satisfeitos e furiosíssimos, estes intelectuais resolvem xingar muito no feice, literalmente: dá-lhe choramingo nas redes sociais sobre o quanto foram lesados.

Cara livreira: é ou não é uma lástima? Sabemos que a obra e o autor são coisas diferentes, mas você leria alguém assim? Enfim, coisas que só os livreiros, em sua infinita educação, gentileza de nobreza de espírito, conseguem viver – e mesmo assim manter a escolha de serem diferentes. Estes sim têm uma verdadeira obra literária a ser contada, digna de ser escrita.

Beijo no coração!"

manual prático de bons modos em livrarias: querido[a] autor[a] responsável pelos causos acima, favor entrar em contato com a livreira aqui (e-mail ali do lado) para ganhar um exemplar do livro mais amor dos últimos tempos. e bóra botar um pouco de açúcar nesse coração? bóra caramelizar o cardíaco e deixar o azedume de lado?  beijo. e vê se descola um marca página pra minha coleção. =*

7 comentários:

  1. Carambaaa!!!!
    o.O

    Não tenho nem palavras... que grosseiro!! :X

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  2. Que vontade que eu tenho de socar gente assim.
    Mas socar com amor, claro!

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  3. Que horror! Quando leio um bom livro sempre imagino que o autor é gente boa, desses que a gente fica logo amigo, espero não ter lido nada desse cara, e se eu tiver lido que não tenha gostado

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  4. Realmente, é incrível como certas pessoas acham que o mundo gira em torno dos umbiguinhos delas.

    Mas deixa eu ser chata um pouquinho? Ou bastante? Essa "estória" tá me incomodando. Tenho uma certa aflição quando vejo alguém usar a palavra, principalmente no sentido contrário do que ela supostamente significa (se bem que eu adoraria que a fosse um texto fictício, porque odeio imaginar que existe gente como esses pseudointelectuais mencionados no texto). Não achem que estou sendo babaca por essa observação, eu só não gosto da palavra mesmo, até o tio Aurélio recomenda que não se use mais.

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  5. tá sendo babaca, não, fê. :) valeu por avisar, vou corrigir o texto. beijo, hillé.

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  6. Fiquei curioso com quem é esse autor, não vou mentir...

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  7. Dá uma dica de quem é o/a autor/a? Please!!!

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